Conforme vimos em textos anteriores, como o de 5 pilares de cultura organizacional, por exemplo, cultura é um conjunto de elementos que constituem a empresa. São os seus valores, crenças, suas histórias, rituais, a forma como as pessoas trabalham e se relacionam, suas normas, a forma como lidam com os processos e com as pessoas, enfim, cultura é o jeito de ser da empresa que é tão único e particular. Não existe uma cultura melhor do que a outra, apenas a que faz mais sentido para o propósito daquele lugar. Cada empresa tem seu estilo de cultura predominante, o que não quer dizer que ela adote 100% daquele tipo em específico, mas que ele se sobressai mais do outros estilos, e é assim que é definido o seu padrão cultural.
“… algumas culturas enfatizam a estabilidade enquanto outras valorizam a flexibilidade. As mais afinadas ao primeiro tipo priorizam a consistência, a previsibilidade e a manutenção do status quo. Sua tendência é seguir regras que utilizam estruturas de controle que valorizam a hierarquia e a busca pela maior eficiência possível. As mais alinhadas com a flexibilidade tendem a priorizar a inovação, a abertura, a diversidade e a orientação em longo prazo” (MAGALDI, Sandro; NETO, José Salibi, 2018).
E o que é a Psicologia Organizacional?
Foco no resultado
A psicologia surgiu como uma ciência separada da filosofia e de outras ciências como medicina e direito no século XIX, quando Wilhelm Wundt, pai da psicologia experimental e fundador do primeiro laboratório de psicologia experimental na Universidade de Leipzig, na Alemanha, realizou pesquisas sobre a mente e o comportamento humano. Esse laboratório foi um marco da psicologia por ter se transformado no primeiro centro internacional de formação de psicólogos.
No final do século XIX e início do século XX (mesmo período citado de surgimento da psicologia), após as Grandes Guerras Mundiais, houve uma fase de crescente industrialização, e com isso, grandes processos de seleção de mão de obra para as indústrias. As máquinas foram inseridas no ambiente de trabalho para melhorar e estruturar a relação entre os recursos humanos e materiais. Uma das correntes que influenciou a atuação da psicologia nas organizações nesse período foi o taylorismo, de Frederick W. Taylor, fundador da administração científica, que começou a estudar os problemas de produção decorrentes da época. Assim nasceu a Psicologia Industrial. O psicólogo tinha a função de selecionar os candidatos, aplicar testes para avaliar o perfil deles (uso da psicometria), se estavam de acordo com as necessidades da indústria e para melhorar a produtividade, onde o foco estava na obtenção de lucro.
Há dois psicólogos precursores da Psicologia Organizacional: Hugo Munsterberg e Walter Dill Scott. Eles eram psicólogos experimentais e atuavam na aplicação de técnicas para resolverem os problemas nas organizações,
”Munsterberg também foi promotor da psicologia industrial. Começou a trabalhar nessa área em 1909 com o artigo intitulado “A psicologia e o mercado” [“Psychology and the market”], que abrangia diversas áreas em que a psicologia podia contribuir: orientação vocacional, publicidade, administração de pessoal, testes mentais, motivação funcional e efeitos da fadiga e da monotonia no desempenho da função”.
… “Munsterberg afirmava que a melhor maneira de aumentar a eficácia no trabalho, a produtividade e a satisfação era selecionando trabalhadores para as funções de acordo com suas habilidades mentais e emocionais. De que forma? Desenvolvendo técnicas psicológicas de seleção adequadas, como testes mentais e simulações de trabalho, para avaliar o conhecimento, a qualificação e a habilidade do candidato”. (SCHULTZ & SCHULTZ, 2021)”
Ele também conduziu pesquisas que demonstraram que as conversas durante o trabalho eram prejudiciais para a produtividade e sugeriu aumentar a distância de uma máquina para outra e até mesmo colocando divisórias entre as mesas de quem trabalhava no escritório.
Scott foi o primeiro professor de psicologia aplicada e o primeiro a aplicar a psicologia na seleção de pessoas, além de ser fundador da primeira consultoria em psicologia. Na primeira guerra mundial ele ofereceu suas habilidades em seleção de pessoal para selecionar os melhores soldados para a guerra, recebendo do exército posteriormente uma medalha pelos seus serviços. Após esse acontecimento ele fundou sua consultoria com foco em melhorias do trabalhador.
“Scott desenvolveu testes psicológicos para medir a inteligência e outras habilidades, mas, em vez de avaliar os candidatos individualmente, criou testes para aplicação em grupo. Quando há grande número de candidatos para ser avaliado em pouco tempo, os testes em grupo são mais eficientes e mais econômicos.
Psicologia para qualidade de vida
Com o passar do tempo, surgiu um novo olhar sobre as situações de trabalho envolvendo os treinamentos, os turnos trabalhados, incentivos não financeiros e a preocupação com as relações humanas. O foco nessa fase é a qualidade de vida das pessoas. Nessa época começam estudos sobre a motivação humana, as atividades estão menos braçais e mais intelectuais. Aqui o homem já não se motivava somente com a satisfação das suas necessidades básicas (fome, sede, biológicas, etc.), sendo necessário pensar em ações para a auto-realização. Nesse contexto, a forma como as pessoas realizam seu trabalho também mudou. Os profissionais que faziam a seleção de pessoas tiveram que desenvolver outras habilidades, surgindo então a Psicologia Organizacional, área que estuda os eventos psicológicos dos funcionários. O profissional é responsável pelo clima organizacional, recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho, gestão estratégica de pessoas e também cultura organizacional.
Atualmente o termo utilizado é Psicologia Organizacional e do Trabalho, que se preocupa tanto com os lucros quanto com o bem-estar dos colaboradores. E não cuida apenas das pessoas que atuam nas organizações, mas também de outros profissionais, como aqueles que trabalham nas áreas rurais. Esse profissional atua com ergonomia, saúde e segurança no trabalho. Essa é uma das tantas áreas de atuação que um psicólogo pode optar. Sua função na organização não é o de atender os funcionários para tratar de questões pessoais e fazer terapia, essa atribuição é de um psicólogo clínico, que mesmo dentro de uma empresa, ainda continua sendo clínico. O psicólogo organizacional é especialista em comportamento humano no ambiente de trabalho e o único devidamente capacitado para aplicar testes psicológicos nos processos seletivos. A função é elaborar ações para desenvolver um ambiente de trabalho mais saudável para os colaboradores e atuar na redução do absenteísmo, turnover e nas estratégias para melhorar a qualidade de vida. Qual a relação entre a psicologia organizacional e a cultura da empresa?
Cultura
Cultura Organizacional
Como já falamos em outros conteúdos, cultura organizacional é o modo de ser de uma empresa e tudo o que ela carrega. A cultura envolve o comportamento da liderança e dos funcionários, suas regras, suas histórias, os rituais que praticam, sua imagem dentro e fora da empresa, além das suas cores, marca, logo e todos os outros símbolos.
Entre muitos autores que falam sobre o tema, como Carolyn Taylor, Richard Barrett, Geert Hofstede, destacamos Edgar Schein, pai do desenvolvimento organizacional e criador do conceito de cultura corporativa. Acreditava-se que existia um vínculo mais forte e psicológico entre a pessoa e a empresa, onde as duas partes deveriam ganhar, não só a instituição, e esse ganho não deveria ser só financeiro.
Para Schein (2021), “Cultura é um fenômeno dinâmico que nos cerca em todas as horas, sendo constantemente desempenhada e criada por nossas interações com outros e moldada por comportamento de liderança, e um conjunto de estruturas, rotinas, regras e normas que orientam e restringem o comportamento”.
No texto 5 pilares de cultura organizacional, citado aqui no começo da leitura, também falamos sobre os conceitos deste autor sobre a cultura organizacional – o Modelo Schein – onde ele dividiu os elementos da cultura em: Artefatos (estruturas ou processos visíveis – os móveis, as cores da empresa, sua marca, como é o ambiente, etc.) Crenças e valores (estratégias, metas) e Suposições básicas (percepções, pensamentos, sentimentos).
Sua teoria nos ajuda a entender como a cultura de uma organização é constituída. Tudo o que faz parte da empresa, seja dentro de suas paredes (como mostrado no quadro acima) ou até mesmo do lado de fora na sua fachada, nas cores e no seu logo, por exemplo. É muito importante conhecer a cultura de sua empresa. Tendo esse autoconhecimento você pode encontrar profissionais que compartilham das mesmas ideias, valores e propósito. Quando a empresa investe na sua cultura, o clima de trabalho se torna melhor, as pessoas se tornam mais engajadas e consequentemente, a produtividade será maior.
E na sua empresa, como está a cultura organizacional?
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