Muito se fala sobre os desafios que as mulheres ainda enfrentam em relação ao machismo no trabalho e à falta de equidade entre homens e mulheres nas empresas, especialmente no mês de março, por conta do Dia Internacional da Mulher. Por mais que seja um mês cheio de conteúdos e discursos engajados com a causa, sabemos que ainda existe um longo caminho a percorrer até que se tenha um mercado mais justo para elas. A discussão é longa e profunda, e separamos alguns pontos que precisam de atenção. Confira, todos eles aqui.
O que é machismo?
Machismo é uma forma de discriminação e desigualdade de gênero que favorece e promove a superioridade e o poder dos homens sobre as mulheres. É um conjunto de atitudes, crenças e comportamentos que reforçam a ideia de que os homens são superiores em relação às mulheres, o que leva a uma ampla gama de injustiças e opressões baseadas no gênero.
Machismo é uma forma de discriminação e desigualdade de gênero que favorece e promove a superioridade e o poder dos homens sobre as mulheres. É um conjunto de atitudes, crenças e comportamentos que reforçam a ideia de que os homens são superiores em relação às mulheres, o que leva a uma ampla gama de injustiças e opressões baseadas no gênero.
O machismo de modo geral pode se manifestar de várias maneiras, incluindo:
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Discriminação: Tratar as mulheres de maneira desigual em termos de oportunidades, direitos, remuneração e acesso a recursos.
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Estereótipos de gênero: Atribuir características específicas aos gêneros de forma rígida e infundada, limitando as possibilidades e liberdades das mulheres.
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Objetificação: Tratar as mulheres como objetos sexuais, reduzindo-as a sua aparência física e ignorando suas habilidades, inteligência e dignidade.
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Violência de gênero: Isso inclui violência física, emocional e psicológica direcionada especificamente às mulheres, muitas vezes com o objetivo de controlar, intimidar ou restringir sua autonomia.
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Desigualdade econômica: As mulheres frequentemente enfrentam disparidades salariais e têm menos acesso a cargos de liderança e oportunidades profissionais.
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Limitações de papéis: Esperar que as mulheres cumpram papéis tradicionais e estereotipados, como serem cuidadoras e donas de casa, limitando suas escolhas e aspirações.
O machismo é prejudicial tanto para as mulheres quanto para a sociedade como um todo, pois perpetua desigualdades, restringe o potencial das mulheres e contribui para um ambiente de injustiça e opressão. Lutar contra o machismo envolve a promoção da igualdade de gênero, o reconhecimento dos direitos das mulheres e a desconstrução de estereótipos prejudiciais.
O que é machismo estrutural?
O machismo estrutural se refere a um sistema de normas, práticas, instituições e valores presentes na sociedade que sustentam e perpetuam a desigualdade de gênero, favorecendo os homens em detrimento das mulheres. É uma forma mais abrangente de discriminação de gênero que vai além das atitudes individuais e penetra nas estruturas e instituições sociais.
O machismo estrutural está presente em várias áreas da sociedade, incluindo:
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Economia: Disparidades salariais, acesso limitado a oportunidades de carreira e desigualdade econômica entre os gêneros.
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Política: Subrepresentação das mulheres em cargos de poder e tomada de decisões, bem como a falta de políticas eficazes para abordar questões de gênero.
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Educação: Estereótipos de gênero que afetam as escolhas educacionais e limitam as possibilidades de desenvolvimento das mulheres.
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Mídia e Cultura: Representações estereotipadas das mulheres nos meios de comunicação que reforçam papéis tradicionais e superficialidade.
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Família e Trabalho Doméstico: Expectativas tradicionais de gênero em relação às responsabilidades domésticas e de cuidado, que muitas vezes sobrecarregam as mulheres.
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Saúde: Acesso desigual aos cuidados de saúde e falta de pesquisa adequada sobre questões de saúde que afetam especificamente as mulheres.
A manifestação estrutural é difícil de erradicar, pois está profundamente enraizado nas estruturas e nas mentalidades da sociedade. Requer esforços coordenados e sistemáticos, incluindo mudanças nas políticas, leis e instituições, bem como uma transformação cultural que desafia as normas de gênero tradicionais e promove a igualdade de gênero em todos os níveis da sociedade. O objetivo é criar um ambiente onde homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades, direitos e respeito, independentemente de seu gênero.
Machismo no ambiente de trabalho: De onde isso surgiu?
A origem do machismo se dá a partir do surgimento da propriedade privada e do direito da herança, no contexto da sociedade patriarcal. É com isso que o corpo da mulher passa a ser visto como algo que precisa ser vigiado e controlado, conforme explica este vídeo. Isso se refletiu no trabalho, com uma rígida divisão de tarefas entre homens e mulheres, que relegou a elas o cuidado com a casa e com a família e a eles o sustento por meio do trabalho remunerado. Isso fez com que a inserção da mulher no mercado de trabalho acontecesse de forma tardia e a sua mão de obra fosse mais barata – algo percebido até hoje. Consequentemente, surgiram práticas de machismo no trabalho.
Machismo no mercado de trabalho
As diferentes formas de manifestação do machismo no trabalho
O machismo no trabalho, infelizmente, é realidade não só nas empresas mais tradicionais, mas também em empresas modernas e “descoladas”. Isso porque ele possui um aspecto estrutural e é composto por uma série de vieses inconscientes.
Confira algumas formas de manifestação do machismo no trabalho, que ajudam a entender porque o mercado ainda é um ambiente tão desafiador para as mulheres:
Diferença de oportunidades
Apesar das mulheres serem maioria nos cursos superiores e terem, em média, mais anos de estudo que os homens, elas não têm a mesma oportunidade na hora de ocupar cargos estratégicos. Uma pesquisa do Instituto Ethos demonstrou que num total de 50 empresas analisadas, apenas 11% dos cargos de CEO são ocupados por mulheres, sendo que destas, apenas 0,4% são mulheres negras.
Falta de equidade salarial
Estudos dizem que mulheres brancas com ensino superior ganham, em média, 60% do salário de homens brancos com ensino superior, ocupando o mesmo cargo. Para as mulheres negras a situação é ainda pior: elas ganham menos que a metade do salário de homens brancos – apenas 40%. E essa não é a realidade de uma área específica: de acordo com um levantamento realizado pela Catho, homens ganham mais em 25 de 28 áreas analisadas, em cargos que vão desde estagiários até executivos.
Assédio: moral, sexual, psicológico e até virtual
São vários os tipos de assédio, e as mulheres são as mais expostas a eles. O assédio é um caso clássico de machismo no trabalho e acontece em uma situação em que uma pessoa é exposta a um constrangimento, humilhação, perseguição, ameaça ou cyberbulling. Em 2020, o Ministério Público do Trabalho recebeu, em média, uma denúncia de assédio sexual por dia, totalizando 261 denúncias até o mês de outubro.
Importante ressaltar que nem sempre o machismo no trabalho será explícito. Muitas vezes ele vai dar as caras de maneiras mais sutis, como na pergunta ou comentário direcionado aos homens – mesmo que seja uma mulher que esteja conduzindo uma apresentação; no esquecimento do nome de uma funcionária mulher; no favor pedido a uma mulher, como se obrigatoriamente ela seja vista num papel de assistente; no funcionário homem que se sente à vontade para se colocar numa reunião – enquanto a funcionária mulher, não, etc.
Exemplos de machismo no trabalho
Além destas situações descritas, algumas práticas muito antigas de machismo no trabalho estão em voga sob novos nomes (infelizmente em inglês). Conheça alguns termos:
- Mansplaining: (homem + explicando): o termo se refere ao costume que homens têm de explicar, de maneira muito didática e com tom condescendente, coisas óbvias a mulheres, como se elas não fossem capazes de entender o que está sendo dito, mesmo que seja sobre assuntos do domínio delas. A situação é bem exemplificada, com humor, neste episódio do Porta dos Fundos, confira!
- Manterrupting: participe de uma reunião com maioria de homens e provavelmente você verá um exemplo de manterrupting acontecendo em tempo real, bem na sua frente. A palavra é uma junção de “man” com “interrupting” e em tradução livre quer dizer “homens que interrompem” e não deixam uma mulher concluir suas falas.
- Bropriating: é quando um homem se apropria de uma ideia já dita por uma mulher. O termo é uma junção de “bro” (de brother) e appropriating (de apropriação). É também algo muito comum em reuniões, e um exemplo clássico de machismo no trabalho.
- Gaslighting: refere-se a um tipo de abuso psicológico que leva a mulher a achar que enlouqueceu ou que se equivocou em relação a determinado assunto, sendo que originalmente estava certa. Isso acontece muito em relacionamentos abusivos, mas também pode acontecer em casos de machismo no trabalho.
Dito isso, mesmo que seja sobre assuntos do domínio delas. A situação é bem exemplificada, com humor, neste episódio do Porta dos Fundos, confira!
Como lidar com o machismo no trabalho
O primeiro passo para lidar com machismo no trabalho é saber que não importa o quão evoluída você considere a sua empresa, de uma forma ou de outra, ela vai ter traços de machismo! Isso porque, conforme já dissemos, o machismo é histórico, estrutural e formado por uma série de vieses inconscientes. Isso não significa que ele não deva ser combatido e tratado como prioridade. Como segundo passo, considere os pontos a seguir:
- Traga o tema para a discussão, conscientize, treine.
- Revise o organograma da sua empresa: quais cargos as mulheres ocupam? Quantas são? Quanto elas ganham?
- Consulte as mulheres da sua empresa: como elas se sentem? Elas estão à vontade para colocar suas opiniões?
- Olhe as políticas internas da sua empresa: elas promovem a equidade de homens e mulheres? Como é o plano de carreira de homens e mulheres?
- Como a empresa trata a diversidade?
Aqui na Santo Caos, estamos sempre de olho nesses pontos e em busca de uma maior equidade. Somos especialistas em ajudar empresas que querem criar ambientes de trabalho mais saudáveis, mais diversos e inclusivos. Conte com a gente!