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Mudança de cultura organizacional: como lidar?

Para Edgar Shein, “a cultura está para um grupo, como o que a personalidade ou caráter está para um indivíduo”. Olhando para você quando era mais novo e comparando com os dias de hoje, quanto da sua personalidade mudou ao longo do tempo? O que você acreditava e valorizava se mantém igual? Provavelmente não. Com os anos, os desafios e as prioridades vão mudando e a partir deles nos comportamos de diferentes maneiras e muitas vezes deixamos de reconhecer nossas versões anteriores. Aquilo que fazia sentido em determinado momento, deixa de fazer. 

Na cultura organizacional acontece da mesma forma: contexto, desafios, mercado, crise, liderança, prioridades, produtos, tecnologia… tudo isso (e muito mais) pode se apresentar e mudar “a forma como fazemos as coisas por aqui” (novamente, Shein conceituando a cultura organizacional). Uma vez que a essência da empresa é mexida, é preciso cautela e transparência para que os impactos no engajamento sejam os menores possíveis.

A cultura organizacional e o processo de mudança 

Aqui na Santo Caos, gostamos de fazer um paralelo entre os impactos dos processos de mudança de cultura organizacional com as fases do luto:

Isso porque o processo de mudança geralmente causa um grande rebuliço nas empresas até que as pessoas se adaptem às novas práticas. Algumas pessoas terão mais dificuldades nesta adaptação, e outras simplesmente não irão se adaptar, deixando assim de fazer parte da empresa.

Para ilustrar melhor, imagine o caso de uma empresa muito tradicional e estável que percebeu a necessidade de se tornar mais ágil e inovadora. Alguns líderes terão dificuldades para entrar neste novo ritmo e, consequentemente, podem influenciar suas equipes da mesma forma. 

Por isso, é preciso que haja uma gestão deste processo de mudança.

Cultura Organizacional e Gestão de Mudanças

Toda empresa possui uma cultura organizacional. No entanto, ela pode ser gerenciada, ou não. Quando não é gerenciada e tudo acontece de maneira orgânica, ela pode não ter traços fortes e mandar mensagens de vários tipos, reproduzir incoerências (por exemplo: ser conhecida no mercado pela busca por inovação, mas reconhecer as pessoas unicamente pelo alcance de metas de resultado, e não pelas ideias), ou ter como característica marcante algo que não combina com sua estratégia. 

Por isso, assim como a cultura da empresa precisa ser gerenciada, a gestão de mudanças também é fundamental. Apenas acompanhando de perto, é possível mensurar resultados e rever processos. Ao mesmo tempo, ao gerenciar o lado humano das mudanças, será possível identificar resistências e trabalhar de forma que elas causem o mínimo impacto possível no engajamento das pessoas.

A influência da cultura organizacional nos processos de mudança

Quem vai ditar como o processo de mudança vai acontecer é a cultura preponderante da organização. Dependendo do que ela prioriza, o processo poderá ser de um ou de outro jeito, trazendo riscos e facilidades específicas. 

  • Cultura organizacional voltada para resultados

Numa empresa em que a cultura for muito voltada para resultados, é possível que a mudança aconteça priorizando os ganhos financeiros e a produtividade da equipe. Nestes casos, é preciso um cuidado no aspecto humano, lembrando que toda mudança gera incômodos e pode afetar na produtividade do time. Por outro lado, é possível que neste tipo de empresa, exista uma facilidade maior em mensurar os ganhos, os indicadores de desempenho e desdobrar as metas individuais.

  • Cultura voltada para apoio (confiança e relacionamento)

Nelas, pode acontecer o oposto do que acontece na cultura de resultados: o aspecto humano é muito considerado e trabalha-se de forma transparente e gerando confiança nas pessoas. Na prática, pode ser menos sofrido para elas se adaptarem. Por outro lado, é preciso um cuidado na criação e no acompanhamento das metas, para evitar que o processo não seja medido e acabe perdendo sua credibilidade ao longo do tempo.

  • Cultura voltada para inovação

A mudança cultural numa empresa onde a inovação é muito forte, será rápida. Mais do que analisar cuidadosamente todos os riscos que a mudança possui, neste estilo as coisas são colocadas em prática de forma ágil, ajustando os pontos necessários com os novos processos já em andamento. Em empresas inovadoras é preciso cuidar para que as mudanças não “atropelem” as pessoas, considerando que cada um tem seu ritmo de adaptação. Ao mesmo tempo, é uma cultura que facilita que as mudanças sejam vistas num curto espaço de tempo. 

  • Cultura voltada para regras

Nas culturas onde é valorizada a ordem, a segurança e a estabilidade, os processos de mudança costumam ser meticulosamente calculados, antes de irem para a prática. Em empresas deste tipo, é preciso tomar cuidado para que a busca excessiva pelo controle e pela estabilidade não acabe provocando dificuldades para colocar o plano em prática. Além disso, é importante planejar, mas não perder o timing que a mudança requer. Por outro lado, estas empresas têm facilidade de mapear riscos e antecipar problemas, podendo evitar dificuldades futuras.

6 ações necessárias para uma boa mudança de cultura organizacional acontecer:

  1. Tenha claros os motivos da mudança. É uma mudança gerada por um novo contexto de negócio? É um caso de fusão ou aquisição? A alta liderança e a equipe facilitadora da mudança precisam ter este cenário na ponta da língua para garantir o mínimo de ruído neste processo.
  2. Faça um diagnóstico de cultura percebida. A partir dele será possível ter uma noção maior sobre a percepção de cultura que as pessoas têm e, consequentemente, do movimento necessário para que a mudança aconteça. Conhecendo este movimento ficará mais claro quais processos priorizar, onde investir mais tempo, etc.
  3. Tenha clareza sobre a cultura desejada e sobre os indicadores dessa mudança. A partir do cenário, é importante gastar um tempo desenhando a cultura-alvo, ou a cultura desejada. Depois de defini-la, pense em qual movimento será necessário fazer para que ela aconteça e quais comportamentos devem começar a acontecer para que ela seja alcançada. Além disso, é importante definir quais as expectativas em relação à liderança, reavaliar os valores e até o propósito da organização. Eles estão condizentes com esta cultura? Representam o como e o porquê chegar lá?                                                                       Aqui também é importante identificar indicadores e KPIs que irão explicitar que a cultura desejada foi alcançada, ou se ainda existe um caminho a percorrer. Compartilhe estes indicadores com toda a liderança, para envolvê-los.
  4. Invista numa boa comunicação. Cultura e comunicação estão intrinsecamente relacionadas, já que a comunicação é uma forte expressão da cultura. Momentos de mudança naturalmente geram insegurança nos envolvidos: será que vou atender às expectativas? Será que vou me adaptar? Será que me identifico com esse novo jeito? O que esperam de mim? Como me encaixar neste novo momento da empresa?  Essas são algumas das dúvidas que pairam na cabeça das pessoas nestes momentos. Por isso, a comunicação é fundamental para explicar a mudança, o contexto, as expectativas, os novos comportamentos. Em outras palavras, a comunicação tem a função de dar sentido à mudança e explicar para as pessoas o que elas têm a ver com isso, começando pelos líderes, que, além de inspirarem as equipes, costumam ser a principal fonte de informação para os funcionários. 
  5. Treine as pessoas. Um processo de mudança de cultura organizacional só irá obter sucesso se as pessoas tiverem mudado seus comportamentos de forma a atender às novas expectativas da empresa. Para isso, é fundamental que elas sejam treinadas, para que estejam habilitadas aos novos desafios. Se o movimento de mudança indicar para uma cultura de mais inovação, por exemplo, as pessoas precisam entender o que significa inovação para a empresa, quais ferramentas podem auxiliar neste processo e como é possível inserir estas práticas no dia a dia e nos processos já existentes. O líder, devido ao papel central que possui, deve ser o primeiro a ser capacitado para que esteja apto a ajudar nas dúvidas que as equipes, porventura, tenham.
  6. Mensure os resultados. Após ter definido quais serão os KPIs-chave para a mudança de cultura, estipule metas, acompanhe a evolução dos indicadores e compartilhe os pequenos avanços com o restante da empresa. Além de reforçar a importância da mudança acontecer, isso também faz com que as pessoas mais descrentes, ou resistentes, se convençam de que os resultados estão vindo. Pequenas metas também ajudam a dar um “respiro” para a equipe que está implementando a mudança, mostrando que estão no caminho certo.

 

Independentemente do estilo de cultura e da mudança que estiver em jogo, os seis passos que apresentamos irão ajudar a sua empresa a passar por esse período de forma menos turbulenta. Mas se quiser um acompanhamento mais de perto e um plano de mudança personalizado, a Santo Caos pode te ajudar! Entre em contato.

 

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